Cenários Alternativos Lusófonos I

Já se comentou em capítulo anterior que as narrativas de história alternativa, sobretudo as mais longas, como as novelas e os romances, exercem um grande apelo junto ao público leitor dos países desenvolvidos, visto possuírem o tipo de enredo capaz de agradar tanto aos fãs de ficção científica e fantasia, quanto aos amantes dos romances históricos.

Contudo, dependendo da formação acadêmica do autor, escrever história alternativa de qualidade pode revelar-se tarefa mais árdua do que escrever noutro subgênero qualquer da ficção científica.

Expostas as peculiaridades do subgênero, observa-se que, se nem tudo são flores, tampouco são apenas espinhos.  Autores lusófonos que porventura decidam escrever história alternativa contam com um trunfo poderoso que seus congêneres anglo-saxões já não dispõem há várias décadas.  Apesar de nossa relativa inexperiência no subgênero, gozamos da vantagem imensa de contar com jazidas históricas praticamente inexploradas.  Temos toda a história de Portugal e do Brasil, ainda intatas, à nossa disposição.  Ao todo, quase 1.300 anos de história documentada, isto para não falarmos da pré-história lusitana.[1]

Daí a importância para o êxito do subgênero no idioma português, que os autores lusófonos, quando decidirem singrar os meandros de nossas linhas históricas alternativas, façam-no no comando de suas próprias naus, navios construídos com seus próprios conhecimentos, junto às nossas praias e não às alheias.  Pois não faz muito sentido escrever sobre vitórias confederadas na Guerra de Secessão ou derrotas da Inglaterra para a Armada Espanhola de Filipe II.  Além da competição imensa, o autor lusófono típico não possui conhecimentos históricos tão amplos, quando comparados com o de autores que estudaram esses temas desde a infância e que dispõem de fontes de consulta mais abundantes e acessíveis do que aquelas que nos seria viável ao lusófono mobilizar.

Ao contrário, seria de bom alvitre para o autor lusófono escolher temas que lhe digam respeito e que lhe sejam caros.  Temas que tenham a ver com as histórias do Brasil e de Portugal.  Assuntos que, em tese, ele ou ela deveria ser capaz de abordar melhor do que qualquer autor estrangeiro.

No entanto, antes de avançar na preleção das temáticas lusófonas, convém fazer uma pequena digressão sobre as diferenças quanto ao ensino da história pátria em Portugal e no Brasil.

A maioria dos brasileiros estuda História do Brasil de forma intermitente, ao longo de vários anos letivos, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.  Contudo, com raras exceções, nossa história não teve seu ensino valorizado.  Há membros da academia que atribuem à ditadura militar-tecnocrática parte da responsabilidade por essa obliteração do nosso passado histórico.  Aquela ditadura possuía realmente um caráter desenvolvimentista, enxergando o Brasil não apenas como o país do futuro, mas também como um país sem passado.

Os brasileiros que cursaram os ensinos fundamental e médio na época da ditadura provavelmente não tiveram a disciplina História do Brasil ministrada todos os anos.  Além disso, do ponto de vista curricular, o programa da disciplina acabava com a Proclamação da República.  Mesmo que o colégio dispusesse de bons professores de história, eles jamais abordaram tópicos que dissessem respeito ao século XX.  Revolta dos Canudos?  Nem pensar!  Tais tópicos nem sequer faziam parte da matéria cobrada nos exames de admissão às universidades.  Havia exceções?  Sim, é claro.  Poucas e louváveis.

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